Michel Leite
Para saber se um Grupo de oração vai bem não basta observar somente o número ou a animação dos participantes, é preciso mais. Apresentamos aqui cinco pontos importes de um GO:
a)O encontro pessoal com Jesus;
b) O louvor;
c) A Palavra de Deus;
d) O Espírito Santo;
e) O Amor.
Com certeza não queremos aqui limitar a experiência do grupo a estes critérios, mas, no mínimo, estas linhas de força devem ser para todo GO um objetivo a ser perseguido, um resultado a ser alcançado, evidentemente considerando ainda o CICLO CARISMÁTICO.
a) O encontro pessoal com Jesus:
“Ninguém pode vir a mim, se o Pai, que me enviou, não o atrair;” (Jo 6, 44) Não podemos achar que alguém pode ir ao GO sem que Deus tenha para este seu filho um propósito de amor. Nem, tão pouco, imaginar que alguém possa ir ao grupo e sair de lá exatamente como entrou. O GO é local propício para o encontro pessoal com o Senhor. Todos, sem exceção, o músico, o coordenador da oração, o pregador, o servo da acolhida…, e, principalmente quem visita o grupo pela primeira vez, devem ter uma experiência pessoal com Jesus durante a reunião de oração. Mas são os servos quem devem desejar, orar e trabalhar intensamente para que o encontro pessoal com Jesus seja algo comum e freqüente no grupo.
As reuniões do núcleo e equipes de serviços do grupo, a escolha do tema e do pregador, as intercessões, a preparação da acolhida, os ensaios do ministério de música, a limpeza e decoração do local da reunião, a acolhida dos participantes, enfim, todos os envolvidos com os serviços que uma reunião de oração requer devem ter em mente o seguinte: Eu prego, canto, intercedo, limpo, estudo etc,. para ter um encontro pessoal com Jesus e para testemunhar o encontro que o meu irmão vai ter com Ele. Aleluia!
Não importa o aparente motivo que levou o participante ao grupo. Se foi em busca de uma cura física ou de um consolo, para pregar, cantar ou outro serviço, “todos” precisam ter uma experiência pessoal com Jesus. Afinal, “Agora é o tempo favorável, agora é o dia da salvação.” (2Cor 6, 2b)
b) O louvor:
O Novo Testamento está repleto de pessoas que, encontrando Jesus, tiveram as suas vidas transformadas. É fácil identificar, ainda hoje, alguém que passe por esta experiência. Logo começam os comentários: “Vejam como fulano está diferente, o que será que aconteceu com ele? Está tão alegre!” É verdade, muitos são os sinais que indicam uma experiência pessoal com o Senhor. Contudo, uma das mais marcantes e importantes é o louvor. Quem conhece Jesus tem necessidade de louvar. Pode-se dizer que o nível do louvor de um grupo de oração pode determinar o seu nível de maturidade. Quanto mais e mais consistente é o louvor de um GO mais maduro ele está. “Então espargirá como uma chuva palavras de sabedoria, e louvará o Senhor em sua oração.” (Eclo 39,9)
Mais da metade do tempo de uma reunião de oração deve ser dedicada ao louvor. Todos que participam da oração devem ter oportunidade de louvar. Os que já freqüentam o GO a mais tempo e são mais experientes, devem estimular os participantes mais novos e vergonhosos, entretanto, devem tomar cuidado para não os intimidar com louvores eloqüentes e exuberantes. O louvor deve ser alegre, breve e cristocêntrico (ABC). Não louvamos, por exemplo, por que compramos um carro ou porque suportamos uma tentação, mas louvamos porque Jesus nos deu condições para comprar o carro ou suportar a tentação. É diferente. Não é o que fazemos ou conseguimos o importante, e sim o que Deus realiza em nossas vidas. Louvar é reconhecer a Deus como Senhor único de nossa vida. A Ele toda honra e toda glória!!
Vale lembrar que no GO sempre deve ser estimulado o louvor pelo o que Deus é, pelo que fez (a criação), e pelo o que faz em nossas vidas, por nossas alegrias e vitórias, bem como pelas tristezas e derrotas, por nossas famílias, pelo governo, pela comunidade e pela Igreja. Louvar na Palavra de Deus, individualmente, coletivamente, com cânticos e gestos, com dinâmicas orientadas ou de maneira espontânea e inspirada, enfim, de todas as maneiras que a criatividade permitir e que o Espírito Santo inspirar. (Uma boa orientação para a condução do louvor nas reuniões de oração está no livro “Saiba participar de grupos carismáticos”, Pe. Alírio Pedrini sj)
c) A Palavra de Deus:
Não é raro encontrarmos em nossos grupos pessoas que, até participarem de um grupo de oração e, apesar de possuírem a Bíblia em suas casas, jamais a havia sequer folheado. Uma das grandes contribuições que a RCC dá a Igreja é, sem dúvida, o incentivo a leitura e oração com a Sagrada Escritura. É inconcebível uma reunião de oração sem Palavra de Deus. “Não vos peço que os tires do mundo, mas sim que os preserves do mal. Eles não são do mundo, como também eu não sou do mundo. Santifica-os pela verdade. A tua palavra é a verdade.” (Jo 17,15-17).
A Palavra de Deus no GO deve ser proclamada e orada.
• A Palavra Proclamada: Devemos entender que anunciar o evangelho é nossa obrigação (cf. 1Cor 9,16). Afinal como levaremos os outros a experimentarem e a louvarem aquele de quem não ouviram falar? (cf Rom 10,14-17) Portanto devemos anunciar a Jesus no GO com toda a convicção. Para isto é importantíssima a formação, a dedicação pessoal ao estudo e, acima de tudo, a oração pessoal. A pregação no GO deve ser breve: entre dez e vinte minutos; vivencial: devemos falar do que vivemos, a partir de nossa experiência pessoal com Jesus; organizada: com introdução, desenvolvimento e conclusão, preparada anteriormente com estudo e oração; ungida: deve-se procurar preparar e buscar a vontade de Deus para que ela possa levar a todos os ouvintes a uma atitude de fé. (Obs.: os temas das pregações devem ser discernidos pelo núcleo do grupo, não é bom convidar um pregador e pedir que ele pregue o que quiser, esta é uma função da coordenação)
• A Palavra de Deus orada: A Palavra de Deus é eficaz (cf. Hb 4, 11-13). São maravilhosos os testemunhos do que o Senhor realiza quando oramos com sua Palavra. Contudo, da mesma maneira que o louvor a Palavra de Deus deve ser colocada na reunião de oração com sabedoria e criatividade. Não pode ser capítulo longo nem deve ser colocada para se tirar mensagens apenas. Após a leitura de um ou mais versículos, deve-se buscar a reflexão e a introspecção do que o Senhor deseja falar a cada um. Depois deste momento (não precisa temer o silêncio) o louvor é uma excelente maneira, por exemplo, para que a assembléia se abra a ação do Espírito de Deus. Um canto inspirado ou uma profecia também é muito bem vinda. Sempre com ordem e discernimento, pois coordenador da reunião deve estar sempre muito atento e dócil à condução do Espírito.
• O Espírito Santo:
Um Grupo de Oração da Renovação Carismática tem que ser carismático. É difícil saber quando o E.S. vem, mas é fácil saber quando Ele não veio a reunião. Se não deixamos o Espírito Santo agir à sua maneira, o grupo fica triste e pesado. Há grupos que por terem muita experiência, às vezes, se tornam tão independentes e auto suficientes que se fecham à criatividade e a ação do Espírito. É um perigo!
Sabemos se o GO está sendo carismático, ou seja, conduzido pelo Espírito Santo, quando percebemos com clareza a manifestação dos frutos (Gal 5,22-23) e dos dons carismáticos (1Cor 12, 1-11). Há quem questione a importância das manifestações carismáticas, a sua necessidade no tocante a experiência com Deus. Bem… quando Jesus foi questionado pelos discípulos de João se era ele o Messias, sua resposta foi definitiva: “Ide e contai a João o que ouvistes e o que vistes; os cegos vêem, os coxos andam…” (Mt 11, 4-5) Ou quando um oficial do rei, em JO 5,46-53, pediu a Jesus que curasse seu filho doente, dEle ouviu o seguinte: “Se não virdes milagres e prodígios, não credes…” e, ao invés de se chatear com o homem considerando errada a sua busca, Ele cura o seu filho obtendo com este feito o seguinte resultado: “E creu tanto ele, como toda a sua casa.” (Jo 5, 53) E mais, se o Senhor não desejasse continuar agindo com manifestações de curas e milagres por que nos exortaria a sairmos pelo mundo pregando o Evangelho com a promessa de milagres confirmando a fé dos fiéis. Milagres e sinais que foram vistos pelos primeiros cristãos, pelos santos ao longo da história e por tantos e tantos participantes de grupos de oração por todos os cantos do mundo. Isto porque “Jesus Cristo é o mesmo: ontem, hoje, e por toda a eternidade” (Heb 13,8) Eu e tantos outros, graças a Deus, somos testemunhas desta verdade.
e) O Amor:
Finalmente o amor. “Nós sabemos que fomos trasladados da morte para a vida, porque amamos nossos irmãos. Quem não ama permanece na morte.” (1Jo 3,14) Tudo o que acontece no GO é uma obra do amor de Deus. Se há quem pregue ou cante, por exemplo, é porque há amor. Devemos investir nesta consciência, do fazer por amor e nada mais. Somos como o servo de Abraão que, fiel ao seu senhor, oferece todas as riquezas que lhes foram confiadas para conquistar uma noiva para Isaac. Nada possuímos, mas temos consciência que é tudo dom de Deus. Não são méritos nossos para nos vangloriarmos, mas instrumentos úteis para conquistarmos os filhos afastados do Pai.
Não fazemos opção. Somos chamados a ir em busca de todos aqueles que ainda não tiveram um encontro pessoal com Deus para que, através de nós, de nossa acolhida, tenham a experiência do amor do Pai pela ação do Espírito Santo em suas vidas. Aí não temos mais um Grupo de oração apenas, mas uma comunidade de amor e de partilha centrada na experiência pessoal e comunitária com nosso Senhor.
Para o momento é essa a nossa proposta. Precisamos avaliar se em nossos GO estamos tendo de fato um profundo encontro pessoal com Jesus, capaz de transformar as nossas vidas pelo poder do seu Espírito Santo e, também, se estamos provocando uma resposta em forma de celebração do Senhor, com louvor, amor e partilha entre os irmãos.
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