Com eles, a polícia encontrou 60 pedras de crack e dinheiro
Amanda Paixão - Repórter - 15/11/2010 - 13:11
Dez pessoas foram presas, entre elas uma mulher de 32 anos e um adolescente de 14 anos, na manhã desta segunda-feira (15), suspeitas de tráfico de drogas na Vila Sumaré, Região Noroeste de Belo Horizonte.
De acordo com a Polícia Militar (PM), há dias os militares observavam o movimento na Rua Doutora Denise, próximo à Estação São Gabriel, local conhecido como ponto de venda de entorpecentes. A PM encontrou com os suspeitos cerca de 60 pedras de crack e um quantia, não revelada, em dinheiro. Alguns dos suspeitos já têm passagens pela polícia por tráfico de drogas.
Desarticulado, tráfico resiste mesmo com prisão de líderes
Publicado no Jornal OTEMPO em 15/11/2010Avalie esta notícia » 246810FLÁVIA MARTINS Y MIGUEL
Notícia
Roni Peixoto preparava uma nova guerra para retomar o comando na PPL
CHARLES SILVA DUARTE
Roni Peixoto preparava uma nova guerra para retomar o comando na PPL
Detrás das grades, os maiores líderes do tráfico da capital - Nem Sem Terra, 35, Roni Peixoto, 40, Rafael Bibiano, 25, e Márcio Oliveira, 35, - assistem às perdas geradas pelas apreensões de drogas e prisões de comparsas que trabalham para manter o ritmo da atividade nos aglomerados.
Para a polícia e, principalmente para a população, a captura dos comandantes do tráfico, no entanto, não é certeza de paz absoluta. Mesmo desarticulado, o crime ainda está longe de ser uma atividade em decadência. Com o isolamento dos donos das "bocas", responsáveis pela distribuição de grande parte dos entorpecentes em Belo Horizonte e no restante do Estado, o surgimento de novos líderes e ação dos substitutos de confiança ainda desafiam a segurança pública. A polícia age, mas os criminosos não se intimidam.
Só no primeiro semestre deste ano, foram interceptados grandes carregamentos de drogas no Estado. De maconha, neste período, foram apreendidas 1,3 t, conforme mostram os números da Polícia Militar. Na última grande apreensão, em outubro, a Polícia Civil lotou dois caminhões com 2,5 t de maconha. "O tráfico nunca vai chegar a zero. Mas não se compara à organização e ao volume de seis anos atrás", explica o inspetor da Divisão de Tóxicos e Entorpecentes da Polícia Civil, Gilberto Bracelares.
Do lado da polícia, o resultado do enfrentamento ao tráfico se traduz nos números, que hoje apontam queda nas taxas de homicídio provocadas pela guerra entre gangues rivais e ainda pela cobrança de dívidas. Entre 2003 e 2005, os crimes violentos ocorridos na capital por causa do tráfico chegaram ao ápice, com média de 900 assassinatos por ano. Em 2009, foram 500 mortes.
Há seis anos, traficantes do aglomerado Pedreira Prado Lopes (PPL), na região Noroeste da capital, reduto de Roni Peixoto, estavam em guerra. Houve participação de criminosos do Morro das Pedras, na região Oeste, e 85 pessoas foram mortas.
Após receber liberdade condicional em 2003, Roni Peixoto viu sua liderança ameaçada com a ascensão de Adão Rocha, 25, chefe do grupo Terreirão. Roni já estava enfraquecido, pois havia ficado oito anos na prisão. A briga contou também com o envolvimento de Nem Sem Terra, líder do Morro das Pedras e inimigo de Roni.
alta. Com a expulsão de Roni do aglomerado, as mortes e o comércio de crack sofreram um grande impacto nos últimos anos. A média de 4.000 apreensões de drogas em 2004 (em todos os aglomerados) saltou para mais de 9.000 neste ano. "Os líderes estão presos e a ação das polícias melhorou o quadro", afirmou Bracelares.
As relações familiares, as brigas pelo poder e a "especialização" no comércio de determinadas drogas fazem parte do cenário do tráfico mineiro. Os levantamentos da Polícia Civil já concluíram que o crack é o principal produto disseminado pela PPL na capital e região metropolitana. Na vila Sumaré, o foco é a distribuição da maconha.
Um morador da PPL, que preferiu não se identificar, conta que alguns dos principais motivos da derrocada e expulsão de Roni do local foram a qualidade da droga vendida pelos grupos rivais e a violência do criminoso. "Ele e a família dele humilhavam muito as pessoas. Até tapa na cara rolava. Os grupos agora estão em paz. Fizeram um pacto".
Há pouco mais de uma semana, Roni - que estava preso no regime semiaberto - voltou à cadeia sem direito a sair. A polícia descobriu que ele tinha um plano para reiniciar uma guerra na PPL.
Análise
"Criminosos trabalham como formigas"
O tráfico de drogas na capital se diferencia das organizações criminosas do Rio e São Paulo pela distribuição difusa e menor quantidade de entorpecentes. A conclusão é do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública da Universidade Federal de Minas Gerais (Crisp), que ainda define a estrutura de poder da atividade criminosa como menos verticalizada em relação a facções de outros Estados.
De acordo com o pesquisador do Crisp Luís Felipe Zilli, embora o tráfico mineiro seja desorganizado, o combate se torna mais difícil para a polícia. "Aqui não temos grandes esquemas concentrados em uma só distribuição. O tráfico na capital é pulverizado, os criminosos trabalham como formigas. Isso não quer dizer que o volume é pequeno, pelo contrário, é muito grande e até mais difícil de combater", disse. (FMM)
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